terça-feira, 29 de junho de 2010

I HAVE A DREAM

Imagem recolhida da Net, cujo autor desconheço
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Hoje dei comigo a reflectir sobre aquilo que representam os sonhos na vida das pessoas.

Ao anseio de concretizar algo que se deseja muito mas que não está facilmente ao nosso alcance, de tal forma que é quase inatingível, chamamos-lhe sonho.


Sonhos individuais, quem os não tem?


No entanto, há pessoas que lutam por causas e sonhos colectivos. Aí é que surge o engrandecimento e a nobreza de quem se empenha nessa luta sem armas mortíferas, usando apenas o dom que Deus lhes deu, como a poesia... ou o poder de oratória.


Como foi o caso desse pequeno/grande homem indiano, chamado Ghandi, ( a quem já dediquei um post) que se despojou de todos os direitos e bens que a sua casta e condição de homem culto lhe permitiam, para se entregar de corpo e alma à defesa dos direitos e da paz do povo do seu país. Usando, apenas, como armas a força e a convicção das suas palavras e da sua crença nesta causa, pela qual perdeu a vida.

Mas hoje, é de outro grande idealista que me apraz falar: MARTIN LUTHER KING.

Martin Luther King teve um sonho pelo qual lutou: a igualdade de direitos entre negros e brancos e acabar com os preconceitos raciais. Também a ele, este sonho lhe custou a vida. Mas a semente das suas convicções começou a germinar e a América já deu início a uma nova Era na sua História.



Quando Barack Obama foi eleito Presidente dos E.U.A. o meu primeiro pensamento foi para Luther King e a satisfação de saber que a sua vida não foi sacrificada em vão.

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Apesar de ser um pouco longo, este post não renderia a justa homenagem a este grande Homem, se não apresentasse o seu discurso que ficou célebre na História da América do Norte e no mundo.




"Eu tenho um sonho:
Que um dia esta Nação se erguerá e viverá a verdadeira altura do seu credo: todos os homens são iguais.



Eu tenho um sonho:
Que um dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos donos de escravos se sentarão juntos numa mesa de fraternidade.



Eu tenho um sonho:
Que um dia, mesmo o Estado do Mississípi, um Estado-deserto, queimado pelo calor da injustiça e da opressão, se transformará num oásis de liberdade e justiça.



Eu tenho um sonho:
Que um dia os meus quatro filhos viverão numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela força do seu carácter.


Eu hoje tenho um sonho.


Eu tenho um sonho que um dia, o Estado do Alabama, onde os lábios do governador deixam presentemente pingar as palavras da interposição e da anulação, se transformará numa situação em que os rapazinhos e as raparigas negras poderão dar as mãos a rapazinhos e raparigas brancas, e caminharão juntos como irmãos.



Eu hoje tenho um sonho.


Eu tenho um sonho que um dia cada vale se elevará e cada colina e montanha se aplanará, os locais agrestes serão alisados e os locais tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor se revelará e todos o irão ver.



Esta é a nossa esperança.
Esta é a fé com que regressarei ao Sul.
Com esta fé transformaremos a montanha do desespero numa pedra de esperança.



Com esta fé transformaremos o desafinar de uma nação numa bela sinfonia de fraternidade.
Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ser presos juntos, erguer-nos pela liberdade juntos, sabendo que um dia seremos livres… "


(Este discurso foi proferido por Luther King nos degraus do Lincoln Memorial, em Washington a 28 de Agosto de 1963)


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segunda-feira, 28 de junho de 2010

EM NOME DO AMOR...


Penso que é este o poema mais conhecido do nosso Poeta Maior:

Luís Vaz de Camões.


É, também, aquele que sempre mais gostei.


Como cantam as nossas canções fatalistas ( Fado)


"Amar é padecer"


Mas será que tem sempre de ser assim?

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"Amor é fogo que arde sem se ver "



Amor é fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer.


É um não querer mais que bem-querer
É solitário andar por entre a gente
É nunca contentar-se de contente
É cuidar que se ganha em se perder.


É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence, o vencedor
É ter com quem nos mata, lealdade.


Mas como causar pode seu favor
Nos corações humana amizade,
Se tão contrário a si, é o mesmo Amor?


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quarta-feira, 23 de junho de 2010

VIVA O SÃO JOÃO DO PORTO....

Esta data tem uma dupla importância para mim, porque representa a maior festa na vida de todos os "tripeiros" e porque dei à luz o meu filho querido.
Tenho um grande peso na consciência: Não lhe ter posto o nome de João.
Há ocasiões em que penso que o Santo nunca me perdoou.
Se eu pudesse voltar atrás...
















Estas imagens são da Cascata Sanjoanina que se encontra junto à Faculdade de Medicina no mesmo recinto do Hospital e que o Sr. Segurança, gentilmente, me deixou fotografar.

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Esta estátua de São João fica no recinto do Hospital com o mesmo nome, já que o Santo é patrono e protector dos enfermos e foi tirada por mim no dia 21/06/10, quando lá me desloquei para efectuar novos exames aos olhos.


Aproveito para vos dizer que trouxe notícias muito animadoras...




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Imagem recolhida da NET
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Manjerico e alho porro são dois símbolos do São João do Porto










Ora digam lá se o meu filhote não se fez um belo rapaz.

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Parabéns, meu filho e que Londres se ilumine de sol em teu louvor.

(O comentário de uma amiga fez com eu visse que não tinha deixado bem explícita esta referência a Londres. O meu filho teve que se deslocar, a trabalho,
a Inglaterra pelo que no dia do seu aniversário estava longe da família e do País)
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Na noite de São João
Há fogueiras e folias.
Gozam uns e outros não,
Tal qual, como os outros dias.

Água que passa e que canta
É água que faz dormir...
Sonhar é coisa que encanta,
Pensar… é já não sentir.

O moinho que mói trigo
Mexe-o o vento ou a água,
Mas o que tenho comigo
Mexe-o apenas a mágoa.

Ó meu rico São João
És um Santo Popular
Na tua festa não falta
Muita sardinha para assar.

Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E não te posso dizer?

Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.

Dá-me um sorriso a brincar,
Dá-me uma palavra a rir,
Eu me tenho por feliz
Só de te ver e te ouvir.

Tenho um segredo a dizer-te
Que não te posso dizer.
E com isto já to disse
Estavas farto de o saber...

O manjerico e a bandeira
Que há no cravo de papel,
Tudo enche a noite inteira,
Ó boca de sangue e mel.
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sábado, 12 de junho de 2010

CRÓNICA DE UMA VIAGEM ANUNCIADA....



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Esta crónica é o oposto da Crónica do Gabriel Garcia Marquez, porque aí a morte anunciada aconteceu e a minha viagem… não.

Chamo-lhe anunciada, porque de facto comuniquei a alguns amigos mais chegados, a minha intenção de neste fim-de-semana prolongado ir até Lisboa matar saudades do meu filho, do meu neto mais novo, da minha nora…enfim mudar de ares, aproveitar para descansar e sair da rotina que é o meu dia-a-dia.


Como os Santos Populares estavam à porta, e passando lá eu a noite de Santo António, com um pouco de sorte ainda poderia ir dar um pé de dança a um arraial qualquer.
Se não fosse esse o caso faríamos a festa em casa. Sardinha assada, música e bailarico é que não haveria de faltar.

Eu que não sou nada de planear com muita antecedência, seja o que for, desta vez, comecei logo no início da semana, a programar tudo o pretendia levar: a minha mais recente aquisição de livros de poesia para ir lendo, ou melhor, relendo no comboio, o meu PC com todos os apetrechos necessários e comprar no dia anterior à minha ida a passagem, não fosse o diabo tecê-las e eu ainda perder o comboio enquanto esperava na fila das bilheteiras da Estação de Campanhã.

Com o que eu não contava é que as dores de cabeça que já me andavam a apoquentar há uns dias, começassem a piorar no final do dia 09, véspera do meu embarque.
Para resumir e concluir esta triste “crónica” de uma viagem anunciada e não realizada, o que aconteceu foi eu ter de ir parar à urgência do Hospital de S.João, por volta das duas da madrugada com a cabeça a estalar e a visão da vista direita parcialmente perdida, uma vez que só via sombras.

No serviço de oftalmologia, foi-me diagnosticado um glaucoma fechado e aplicado um tratamento a laser. Não vou entrar em pormenores clínicos, senão isto fica a parecer um bocado masoquista.

Ontem tive a sorte de ser consultada pelo “meu” oftalmologista que me vai acompanhar no tratamento. Aquela suave palmadinha que ele deu nas minhas costas, quando vim embora, e as palavras: “Preocupa não, você vai ficar boa” (Ele é brasileiro) são a minha esperança… O que ele não pode saber é que ando a forçar a vista no computador…

Meus amigos D´ont cry for me, porque isso eu já fiz que chegasse …


Como nunca se sabe como vai ser o dia de amanhã, pedi hoje a uma amiga que me tirasse esta foto, assim ficam com uma imagem minha para a posteridade.


Desejo a todos um bom Santo António.


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segunda-feira, 7 de junho de 2010

FRUTOS PROIBIDOS...




"É tão difícil as pessoas razoáveis se tornarem poetas, quanto os poetas se tornarem pessoas razoáveis”.

Citação e poema de PABLO NERUDA

Escritor e poeta chileno.

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É PROIBIDO

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo das suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,

Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau humor.
É proibido deixar os amigos

Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessitas deles.
É proibido não seres tu mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,

Ser gentil só para que se lembrem de ti,
Esquecer aqueles que te amam.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer o seu destino.

Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, apenas
Porque seus destinos se desencontraram.
Esquecer o passado e apagá-lo com o presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles vale mais que a tua.

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,

Não ter um momento para quem necessita de ti,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,

Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores.
Não sentir que sem ti este mundo não seria igual
.


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quarta-feira, 2 de junho de 2010

O IMPROVISADOR DE SONHOS...






Todos nós temos os nossos pequenos-grandes tesouros que guardamos ciosamente em algum cantinho que é só nosso. Desde as madeixas de cabelo dos nossos filhos, quando lho cortámos pela primeira vez... Fotos antigas ... Cartas, etc.

Eu possuo todos estes tesouros que referi e mais dois muito importantes para mim... Uma caixinha onde guardo religiosamente os versos que o meu filho Luís me dedicava, desde que aprendeu a ler e escrever, até quase completar os treze anos de idade. São versos que foram evoluindo há medida que evoluiam os seus conhecimentos literários, mas todos eles de uma candura e de um amor tão puro e devotado...que se tranformaram no bálsamo, que ameniza e atenua a distância que hoje nos separa.

O outro é um livro de poemas Inéditos desse grande e inigualável poeta popular que se chamou António Aleixo, e que foi editado por seu filho Vitalino Martins Aleixo, em 1978, vinte e nove anos após a morte do poeta. Possuo, igualmente, um exemplar da 2ª Edição de "Este Livro Que Vos Deixo". Os poemas inéditos que hoje vos trago são, talvez, dos mais tristes que o poeta escreveu, já muito perto da sua morte. Fi-lo intencionalmente, para vos mostrar que esse grande Homem, que se ria da própria desgraça, através de quadras cheias de um humor satírico e acutilante, comeu o pão que o diabo amassou, sofreu como um condenado, morreu de tuberculose e na miséria, mas nunca se vendeu... E soube sempre transmitir aos filhos o sentido da honra e da palavra dada. Selada apenas com um simples aperto de mão....


Tudo o que se segue são transcrições do livro:




INÉDITOS


ANTÓNIO ALEIXO
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Sextilhas


Estou gasto, velho e doente
Sei que pouco viverei…
Faço a minha despedida,
Repetindo mentalmente
As lições que decorei
Em meio século de vida.

Tudo o que sou, sou sem querer;
Vivo com hipocrisia…
E vou de mal a pior…
Porque o mundo me faz ser
Aquilo que eu não seria
Se o mundo fosse melhor.

Ao querer saber como a gente
Neste planeta aparecemos,
Li os dois livros melhores…
E neles, sinceramente,
Apenas vi que não temos
Duas mentiras maiores. (1)

(1) Não foi possível apurar a que livros o poeta se refere.


PEDIDO DE AUXILIO


I

Volto de novo ao passado,
Vou para os campos guardar gado,
Tal qual como outrora fiz…
Dentro da minha desgraça,
Nada o mundo tem que eu faça
Que me torne mais feliz…

II

Vou procurar entre as flores,
Esquecer os dissabores
De há muito por mim sofridos;
Mas como gado não tenho,
A minha palavra empenho
Aos meus amigos mais qu´ridos.
III

E o amigo que me ajude,
Faz pela minha saúde,
Dando aos meus filhos o pão.
E, ajudando um pobre amigo,
Terá menos um mendigo
Na rua a estender-lhe a mão.

IV

Envergonhado vos digo
Que me esforço, e não consigo
Dar um sentido perfeito
Nestes versos que vos canto,
P´ra vos agradecer tanto
Quanto por mim têm feito. (1)

(1) Estas quatro sextilhas foram enviadas, como penhor, aos amigos a quem António Aleixo, em 31 de Março de 1941, dirigiu uma carta a pedir auxilio para : «quem, como eu, deseja viver, para que a vida dos que tenho a meu cargo seja mais suave».
E para o que necessitava - «comprar umas cabritas, para delas usufruir o leite necessário para prolongar a minha vida».
O pedido do poeta foi satisfeito.

Natural de Vila Real de Santo António, António Aleixo faleceu em Loulé, a 16 de Novembro de 1949, com apenas 50 anos de idade.