sábado, 29 de janeiro de 2011

O MILAGRE DA MATERNIDADE....


"INIMIGAS"
Continuação

"....Tal e qual, não tardou muito, nove meses contados, mais coisa menos coisa, tudo se compôs a contento de Faiões.
Certas como relógios, o Abril a cair, e cada uma com o seu menino.
Mas a Sofia esteve tão mal, tão doente, custou-lhe tanto o dela, que ninguém o julgava. Febres, acidentes, albuminas, que foi preciso vir o médico e mesmo assim esteve desenganada. Leite para o filho, viste-o. Sequinha como as palhas! O infeliz chupava um pano molhado em água açucarada, que a Rosa lhe chegava à boca, engolia uma pinga de leite de cabra, cortado, e era tudo! Mirradinho de todo.
A Cacilda soube do caso ainda antes do tempo de resguardo. Nas terras pequenas, as boas e as más notícias entram pelas frinchas da parede. E já com outra humanidade na alma, mãe de todos os pimpolhos do mundo e solidária com todas as mães amigas ou inimigas, mandou chamar a Rosa e pôs-lhe as fontes do peito à disposição.
Com uma condição apenas: que a Sofia não soubesse de nada. À laia de passear o menino, lho levasse lá e ela havia de ver como o pequeno arribava, que tinha leite naqueles seios que chegava para um regimento. Até lhe doíam.
Assim foi. A Sofia, a poder de remédios e mais remédios, ia tendo mão na vida. E enquanto ela dormia, desmaiava, ou estava para ali amodorrada, a Rosa era como o vento: agarrava no garoto e corria para casa da Cacilda a fartá-lo.
Até que a Sofia arribou. Levantou-se muito fraca, muito amarela e quis dar de mamar ao filho. Já podia.
Mas, quando foi abrir a blusa e pôs à mostra os dois seios secos, nem o catraio as quis, nem a Rosa consentiu que lhas metesse na boca.
- Guarda lá isso, mulher, que até o podes envenenar! Eu lhe darei de comer. Olha que à fome não morre.
Humilhada, a Sofia começou a chorar. E ainda mais desespero sentiu, pouco depois, ao ver a criança espernear nos braços da Rosa, recusar a chupeta e começar num berreiro de atroar os céus. O seu rico filho estava doente. Nem comer queria!
A Rosa é que não atribuiu grande importância à birra, como lhe chamou. A criança precisava de sair um migalho, de apanhar sol…Ia passeá-la.
A Sofia ficou só, cheia da sua mágoa. Nunca fora fortalhaça, como a Cacilda, mas sempre esperara poder criar um filho, se Deus lho desse. Afinal…E por via disso o menino tinha de beber à sobreposse leite de cabra, que se calhar lhe fazia mal.
Valha a verdade que não estava magro…Contudo, sempre era criado como os enjeitados. Que alegria para a Cacilda!
Malucava nisto, quando a Rosa entrou com o rapaz, calado e sonolento.
- Vamos experimentar outra vez?
A Rosa respondeu que sim, que ia encher a mamadeira…E nunca mais voltou.
Como o menino não chorava e se lhe ferrou a dormir no colo, a babar-se, a Sofia desconfiou. Ali andava segredo.
No meio da tarde, cansada, a doente foi-se deitar e pegou no sono. A criança lá estava no berço, rosada como um anjo.
Apesar de adormecida, a Sofia continuava na sua grande labuta. A maternidade incompleta doía-lhe na raiz do instinto. E via em sonho o pequeno mirrar-se de fome, vítima inocente de uma mãe que o não era. Ofegante, tentava libertar-se do pesadelo. Não conseguia. Cada vez mais sumido, esquelético, o infeliz acusava-a com os seus grandes olhos negros, que cintilavam da escuridão de umas órbitas fundas como poços.
Num grito de terror, acordou e deu pela falta do filho.
- Tia Rosa, o menino? - Perguntou, aflita.
Respondeu-lhe o marido, da cozinha.
- Tenho-o aqui ao colo…Vê se dormes. Cresceu-lhe a desconfiança.
E no dia seguinte, pé ante pé, ainda a cair de fraqueza, quando a Rosa foi dar um dos tais passeios ao garoto, seguiu-a. Da esquina da rua viu-a chegar à eira e entregar o miúdo à Cacilda, que estava sentada ao sol.
Aproximou-se. O pequeno parecia um bacorinho ao peito da inimiga.
E, quando as outras deram conta, estava ela de pé, maravilhada, a dizer:
- Olha lá se me engasgas o rapaz, ó Cacilda!....

FIM




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Este poema de Miguel Torga, já antes o publiquei
num post dedicado à Poesia Ibérica, em português.

Hoje, vou apresentá-lo na Língua de Miguel Cervantes, uma vez que o autor mantinha uma forte ligação com o País vizinho e era entusiasta admirador dos três grandes vultos da Literatura Espanhola, que já mencionei no post anterior.


POEMAS IBÉRICOS


"IBERIA"

Tierra.
Cuanto dé la palabra, y nada más.
Sólo así la resume
Quien la contempla desde una alta cumbre
Bien cargada de sol y de pinares.

Tierra-tumor-de-angustia de saber
Si el mar es hondo y al fin deja pasar...
Una antena de Europa que recibe
La voz de lejos que le quiere hablar...

Tierra de pan y vino
(La sed y el hambre ya vendrán después,
Cuando espuma salobre sea el camino
Donde uno anda desdoblado en dos).

Tierra desnuda y anta
Que en ella cupo el Mundo-Viejo y Nuevo...
Que en ella caben Portugal y España
Y la locura alada de su
Pue
blo.
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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

FICÇÃO OU REALIDADE?...

Miguel Torga, médico, poeta e dramaturgo, é o meu poeta/escritor de eleição. Desde muito jovem que sinto por este grande vulto da Literatura Portuguesa Contemporânea, uma enorme ternura e admiração, pelo seu amor às gentes rudes e genuínas da região que o viu nascer, cujas vidas difíceis tão bem retratou nesta colectânea de 23 contos, editado em 1941.
A linguagem usada é a típica das aldeias transmontanas naquela época da primeira metade do século passado.
Nascido em São Martinho de Anta, região transmontana, em Agosto de 1907, Adolfo Correia da Rocha adoptou o pseudónimo literário de Miguel Torga em homenagem aos três grandes “Migueis” espanhóis: Cervantes, Molinos e Unamuno e Torga por ser o nome de uma urze que existia em abundância naquela região de Trás-os-Montes.
Miguel Torga faleceu em Coimbra em Janeiro de 1995.


O conto que escolhi não será o mais interessante, mas é o meu preferido. Talvez porque define aquilo que entendo por verdadeira amizade. Mesmo quando parece desfeita, ela vive latente no fundo do coração e emerge no momento crucial...


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Imagem recolhida na NET
"INIMIGAS"
"Desde o arraial da Senhora da Fraga que a Cacilda e a Sofia se não podiam ver. Até ali muito amigas, sempre agarradas uma à outra, como irmãs. Mas meteu-se a ciumeira entre elas e aquela amizade foi um ar que lhe deu. Fiadas no paleio do Augusto, a prometer um tostão a uma e cinco vinténs a outra, pareciam cadelas ao mesmo osso. Não saberem que quem é homem diverte-se, e que em coisas assim o melhor é fazer das tripas coração e deixar correr! Qual o quê! Puseram-se a dar ouvidos aos vinte anos, e, não é nada, faziam lume mal se encaravam.
Na noite da tal zanga, andavam juntas no adro, felizes da vida, a comer peras e a beber limonada, quando o rapaz se aproximou, se eram servidas de qualquer coisa. Que muito obrigadas, mas que não tinham fome nem sede.
­­- E uma prenda?
Que aceitavam, já que estava tão daimoso.
Ora, o Augusto, na escolha dos ramos de rebuçados, teve tais artes, que só com a quadra que neles vinha encheu as duas da miragem dum amor sem misturas. Umas patetas!
O certo é que, mal o rapaz tirou a Sofia para dançar, a Cacilda ficou como se lhe tivessem dito que o fim do mundo era naquele instante.
Os arraiais da Senhora da Fraga são um bota-fora a noite inteira, com duas músicas a estrondar, uma de cada lado da Capela. Fogo, nem se fala. Até de Sanfins se pode ver o céu de Faiões, sem um minuto de intervalo, aberto de claridade. Coisa rica!
Pipas e pipas de vinho debaixo da carvalhada, e do melhor, que parece que todos capricham nisso. Tascas de fritos, mesas de cavacas e de refrescos, medas de regueifas, carros de melancias, um louvar a Deus. Fartura de tudo! De maneira que quem diz: vou ao arraial da Senhora da Fraga e vai, já se sabe que não arranca de lá antes do alvorecer. Por isso, até a Santa estremeceu no altar quando a Cacilda disse que se ia embora. Perguntava-lhe a Ti Constança, abismada:
- Que mosca te mordeu, rapariga? Tu estás maluca ou quê?
Felizmente que o Augusto valeu àquilo, arredondando a fala e convidando-a também.
Toda babada por dentro, que não, que não dançava. Rogasse outra vez à Sofia. O rapaz insistiu, e o que foste fazer! Agarrou-se a ele e atirou-se à cana-verde que parecia um pé-de-vento! De madrugada, comiam-se uma à outra.
E valia a pena! As palermas a adorá-lo, a quebrar lanças pelo grande adereço, e o ladrão de caçoada! Ainda o cheiro dos foguetes andava pela serra a cabo, já os banhos do casamento dele a correr em Favaios com uma de lá!
Cuidaram todos que, morto o bicho, morta a peçonha. Oh, oh! Nem assim deram o braço a torcer! Engoliram a desfeita e ficaram como dantes, senão pior. E mutuamente a atribuírem-se as culpas do Augusto bater as asas! O grande prejuízo! Que valia ele mais do que os outros? Nada. E a prova disso é que não tardou muito estavam casadas, com dois rapazes bem jeitosos, de resto, o Alberto e o Raimundo. Que queriam mais? Mas meteu-se-lhes aquela vilania no corpo, que mesmo depois de o verem arrumado e de se arrumarem também, continuavam a ferro e fogo.
Na boda de ambas ainda houve quem tentasse fazer as pazes. De nada valeu! Danadas!
Como a Sofia casou primeiro, disse-lhe a Rosa:
- Eu se fosse a ti, convidava a Cacilda…Fostes tão amigas na mocidade!
Que não a queria ver nem pintada numa parede. E logo naquele dia, de mais a mais! Uma falsa, que se lhe atravessara no caminho como uma ladra! Não. Havia ofensas que nem à hora da morte…
E a Cacilda, quando lhe chegou também a vez, mal lhe falaram em convidar a Sofia, credo, mudou de cor e perguntou muito a sério se lhe queriam estragar a festa. A raiva que tinha da outra iria com ela para a sepultura.
Com tal gente, bom dia! É não fazer caso e deixar correr. Dar tempo ao tempo que cura males e embranquece os cabelos…"

Continua...

Lamento, mas estou a transcrever directamente do livro e não tive tempo para passar tudo...

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sábado, 22 de janeiro de 2011

VIRTUDES ETERNAS!!



Muitas vezes, criticam-se, nos idosos, virtudes eternas, como sendo atributos da velhice, quando deveriam ser tidas e havidas como expressões nobres da vida.
A dignidade, a honestidade, o respeito pela palavra, princípios que os mais velhos defendem, com frequência, são valores morais e espirituais, básicos para a vida das sociedades.
Os jovens, porém, querendo viver livres de peias morais, pretendem que essas virtudes-base não passam de caturrices da «velhada».
Então, alguns homens de idade, desmiolados e falhos de senso, não querendo passar por velhos, procuram fazer as mesmas loucuras dos jovens e como os jovens viver.
Ora, no mundo, é necessário que cada um ocupe o lugar que lhe compete. As sociedades precisam de velhos que saibam ser velhos. São os velhos austeros, que formam como que a estrutura moral e cívica das Nações.
Um País sem velhos honrados, prudentes, sábios e viris é um País sem «norte» e em riscos de desagregação.
Por isso, um nosso poeta fazia, embora risonhamente, o louvor do Portugal velho, isto é: do Portugal em que os velhos sabiam ser coerentes, dignos, honrados e firmes como rochedos:



Palavra de um português
Valia como escritura:
Da barba cabelos três
Hipoteca eram segura
Quando o grande Castro a fez!

Palavras hoje, aos milhões,
Não faltam…isso é verdade:
Mas vê-se tremer sezões,
Quem teve tanta bondade
Que emprestou os seus tostões!

No castelo de Faria
Sustentou leal soldado
Essa herdada valentia,
Com que um cidadão honrado
A vida à Pátria oferecia!

Soube n’África o Meneses,
Soube n’Índia o Mascarenhas,
Mostrar ao mundo, mil vezes,
Que eram mais firmes que penhas
Os peitos dos Portugueses.
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Texto e versos extraídos do livro:
"Psicologia da Maturidade e da Velhice"
Autor: Mário Gonçalves Viana
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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

MILAGRES


Tudo aquilo que vamos realizando ao longo da nossa vida, nasce do sonho de concretizarmos algo que, à partida acreditamos, nos traga realização pessoal, felicidade e bem-estar. No entanto, nem sempre a concretização de alguns dos nossos sonhos e projectos, depois de vividos, correspondem à expectativa que tínhamos e, o sonho que tanto ansiávamos tornar realidade, acaba por se transformar num pesadelo…
Mas, como é que nós iríamos saber isso, se não tivéssemos vivido essas experiências?
É preferível, mil vezes, arrependermo-nos das coisas que intentamos alcançar e alcançamos, mas não dão certo, do que sentirmo-nos eternamente frustradas, por nada termos feito para as tentar realizar.
Digo tudo isto, apenas para evidenciar que o sonho, a ilusão, deve seguir sempre paralela à nossa vida. Devemos manter, sempre, a chama da esperança acesa e acreditar que, enquanto vivermos, tudo é possível.
Se calhar até acontecer um milagre e podermos ser felizes…quem sabe?

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"Os versos que te fiz"

Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que a minha boca tem para te dizer!
São talhados em mármore de Paros
Cinzelados por mim para te oferecer.

Têm dolência de veludos caros,
São como sedas pálidas a arder…
Deixa dizer-te os lindos versos raros
Que foram feitos para te endoidecer!

Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda…
Que a boca da mulher é sempre linda
Se dentro guarda um verso que não diz!
Amo-te tanto! E nunca te beijei…
E nesse beijo, Amor, que eu te não dei
Guardo os versos mais lindos que te fiz!
Poema de Florbela Espanca
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domingo, 16 de janeiro de 2011

ENVOLVENTE SOLIDÃO.








"Poema do Homem Só"







Sós, irremediavelmente sós,
Como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
E ninguém nos conhece.




Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem.
Nesta envolvente solidão compacta,
Quer se grite ou não se grite,
Nenhum dar-se de outro se refracta,
Nenhum de nós se transmite.




Quem sente o meu sentimento
Sou eu só e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
Sou só eu e mais ninguém.
Quem teme meu estremecimento
Sou eu só e mais ninguém.




Dão-se os lábios dão-se os braços
Dão-se os olhos dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
Dão-se em pasmados compassos;
Dão-se as noites e dão-se os dias,
Dão-se aflitivas esmolas,
Abrem-se e dão-se as corolas
Breves das carnes macias.




Dão-se os nervos dá-se a vida,
Dá-se o sangue gota a gota,
Como uma braçada rota
Dá-se tudo e nada fica.




Mas este íntimo secreto
Que no silêncio concreto,
Este oferecer-se de dentro
Num esgotamento completo.
Este ser-se sem disfarce
Virgem de mal e de bem
Este dar-se, este entregar-se
Descobrir-se e desflorar-se,
É nosso e de mais ninguém...
Poema de António Gedeão
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sábado, 8 de janeiro de 2011

LENDAS E MITOS.


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"Lenda da origem do nome de Serpa.
ou
A possível origem de um estranho nome."




A lenda conta, que, há anos,
Já esquecidos dos antigos,
Por cá só havia perigos,
Só havia desenganos,
Guerras, solidão e danos...



Foi então, que uma fada
Deu ao rio uma aliada,
Que a região defendia.
De Ana era rainha
A SERPE - SERPENTE ALADA


Mas ainda há outra lenda,
Deste rio que era o Ana,
Para os mouros Odiana...



Uma fidalga era presa
Duma magia tremenda...
Numa cobra transformada,
Numa figueira acoitada.



Gritava p’lo desencanto
E o seu pranto era o canto
Talvez de Ana, a encantada.



Mais tarde, fugindo à guerra
Que Rolarte lhe movera...
Orosiano morrera...
E Cófilas se desterra



Construindo nesta terra,
Que achou de rara beleza,
Para a filha a fortaleza
Onde seu noivo chorou
E novo amor encontrou.



Serpínia, a bela princesa.
Não se sabe bem à certa
Qual a profunda razão
Da Serpe que é no Brasão
Da nobre vila de Serpa.



Nas lendas a descoberta:
Da Serpe do Ana, a ardileza;
De Serpínia tem a alteza;
Ou da fidalga encantada
que em Cobra foi transformada
Tem SERPA o nome, a beleza!
Autor desconhecido.
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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

SEM JUGOS!...


LIBERDADE!...

Dispo-me de preconceitos
E o pudor não vou vestir,
Não cultivo vergonhas nem receios
Que afoguem o meu sentir.


Não quero mais calar a voz
Que divulga a dor ou agonia,
Ou simplesmente canta o amor
Em quadras soltas com alegria.


Quero continuar assim livre
Do preconceito ou mau sentimento,
E mesmo que às vezes num deslize


Alguma força em mim se perca
Procurarei a todo o momento
Viver a vida que me resta!
Soneto de Ana Martins
Transcrito do seu livro de Poesia
"AVE SEM ASAS"
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sábado, 1 de janeiro de 2011

MENSAGENS GENUÍNAS!!!

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Sempre gostei de personalizar aquilo que escrevo e, no caso presente, se envio um SMS a desejar Boas Festas ou a felicitar um amigo, prefiro escrever pouco, mas, aquilo que escrevo deve traduzir o que sinto. Ainda que o resultado final, fique um pouco prosaico e sem grande encanto!

Ontem recebi várias mensagens de amigos e familiares, com os habituais desejos de Bom Ano Novo.
Às tantas, recebo uma mensagem deveras curiosa e bastante original cujo remetente não identifiquei, de imediato, por o número não estar associado a nenhum nome da minha lista. Rezava assim:

"Olhos de sapo, patas de rã,
que tenhas sorte todas as manhãs!
Asas de morcego, baba de lombriga,
Que estejas sempre de bem com a vida.
Patas de hipopótamo, couro de dragão
Que nada magoe o teu coração….

Nestes moldes continuava… associando os bons augúrios com as partes do corpo, mais insólitas, de vários animais!
Na verdade, não deixava de ter o seu quê de original, pelo menos para mim...
Como me encontrava de “pingo no nariz” uma tosse danada e sem grande ânimo para retribuir gentilezas, resolvi pegar nesta mensagem e reencaminhá-la para algumas pessoas amigas às quais ainda não tinha respondido.
Que ideia peregrina eu tive! Mais me valia, pura e simplesmente, não ter feito nada.
Vou apenas dar, como exemplo, a réplica de um bom amigo de há longos anos:

"Olha, não sei esta lenga-lenga toda!
Mas, sei que te desejo um lindo 2011.
Beijinhos para ti!
Boas entradas!!"

Tão simples como isto! Mas… o suficiente para me sentir envergonhada…
Eu que sempre fugi às frases estereotipadas cometi um erro imperdoável, logo na época do ano em que me orgulhava de ser pobrezinha mas….genuína!

Felizmente, Deus é pai e reservou-me o melhor para o fim.

A razão pela qual, hoje, amanheci: leve, de alma lavada e de bem com a vida, está nesta short mesage, que recebi pouco antes da meia-noite.



Meu querido filho, que tu me amas eu já sabia...pois se eu te amo tanto!
Mas que me admiravas....
Realmente, não há nada melhor do que fazer dos filhos nossos amigos e confidentes....