terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Silêncio, Sombra, Saudade...e Sol.








As Palavras
 


São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

 
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos, as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.

 
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Este é o poema mais simples e mais belo de
 Eugénio de Andrade.  
É também, aquele de que mais gosto.
Esta deve ser a terceira vez que o publico.
Quando gosto a valer de qualquer coisa, chego a ser enjoativa.
Mas tenho a noção dos meus limites!  


 
 
Não creio que haja alguém que ainda não tenha visto e ouvido este maravilhoso duo cantar  esta belíssima canção, que adoro:
 Perdóname.
 Gosto tanto, que aqui  deixo o vídeo, mas desta feita, sem qualquer noção de limites.
Deixo um beijinho para todos(as) quiçá como uma espécie de desculpa e forma de compensação pela falta de originalidade do post!
 
 
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14 comentários:

  1. Ninguém enjoa
    Nem se enjoa
    Amando sempre
    Com o mesmo amor
    Que a gente sente
    Pois o amor
    Nunca se repete

    (e isto aplica-se a tudo de que a gente gosta)

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  2. El amor es ilusion es una pasión que nunca del corazón desaparecerá.

    Saludos

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  3. Já vi o video algunas vezes, mas é sempre bom rever e ouvir!
    Oque é lindo não enjoa janita, essa da "falta de originalidade do post!", não entendi,porque eu gostei e muito.

    beijinho e uma flor

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  4. Tal como a Adélia, eu gostei muito.
    Do poema e do dueto.
    Bjs

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  5. Olá Janita! Gostaria de digerir bem o poema, mas estou a prepara.me para sair para mais uma intervenção aos olhos (catarata) no HSJ.
    Não sei se hoje ainda poderei comentar (à noite ? ).
    O dueto do Perdóname, a coisa mais bonita que tenho ouvido nos últimos anos. Farto-me (sem me fartar) de os ouvir constantemente !

    beijinho ! :))
    .

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  6. Olá, Janita!

    Tempo interessante, este:Sobre palavras e o uso que lhes damos; e como o seu sentido pode mudar em função da forma como as pronunciamos.E então as complicações que por vezes se arranjam, quando as usamos de forma descuidada...? Dessas, então é bem melhor que delas não falemos...
    Já o Eugénio de Andrade nunca as empregava de forma errada; sempre sabia lindamente o que com elas queria dizer.

    Quanto à música, ela é tão agradável como o simpático parzinho que a canta - e que nunca nos consegue cansar.

    Beijinhos amigos; bom resto de semana.
    Vitor

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  7. Já publiquei este poema também Janita.

    Gosto muito dele (vês, não sou sempre contra). As palavras servem-nos sempre +ara nos baloiçar-nos sobre elas. Como dizia uma amiga, por vezes adormecemos com elas.

    Por vezes orvalho apenas. Por vezes punhais afiados....

    beijinhos

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  8. Esse poema faz-me lembrar o Ying e o Yang: O contraditório se une!

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  9. Os poetas são uns “jongleurs”, uns malabaristas das palavras, uns fingidores, (como dizia o outro) ! O poeta é um “jogador de palavras” e sabe usá-las como ninguém !

    A palavra, especialmente em poesia, é uma “arma” (mais que na prosa, por mais “disfarçada”), ao mesmo tempo puramente inocente (leva-as o vento) ou por outro lado extramente “perigosa”, por ser ou poder estar “mascarada”, sem que à primeira vista lhe reconheçamos de imediato o sentido !
    A mesma palavra pode revestir-se de imensos significados ! Daí a dificuldade da interpretação da poesia, em muitos casos.
    Diz Eugénio de Andrade:
    Um cristal, (com várias faces e beleza), um punhal , (de uso perigoso), um incêndio (que tudo pode destruir), ou simplesmente um inocente orvalho, (suavizante e calmo) !

    A questão de fundo, é que cada um lhes poderá dar a interpretação, que mais lhe aprouver e assim, cada um atribuir-lhes diversos significados ! …

    Beijinho, Jani ! :))
    .

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    1. Amigo Rui.

      Como já disse, gosto muito da poesia de Eugénio de Andrade. A primeira vez que escrevi sobre os seus poemas foi logo do ínício de ter criado este blog.
      Vai fazer 4 anos este mês, imagina!
      Durante este tempo fiz vários interregnos, sendo o mais longo de sete meses!
      Digo-te isto, porque a tua "leitura" do poema "As Palavras" é exactamente a mesma que eu fiz naquela altura e continuo a fazer.
      Quando puderes gostaria muito que lesses isto:

      http://francis-janita.blogspot.pt/2009/02/poesia-portuguesa-eugenio-de-andrade.html

      Beijinhos, Rui!
      Obrigada! :)

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  10. Vim a correr de Coisas da Fonte para reler este poema de que tanto gosto!
    Analisei-o vezes sem conta com os meus alunos! :-))

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    1. Rosa dos Ventos.
      Eu adoro poesia e gosto de a interpretar à minha maneira! Sobretudo, escrever os poemas que conheço, dos poetas que gosto, consoante o meu estado de espírito.:-)

      Beijinho.

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  11. Mesmo aqui longe, um obrigado por lembrares um dos meus poeteas preferidos e me fazeres ouvir está canção tão bela.
    Beijinho.

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    1. João Roque.

      Eu é que te agradeço, meu Amigo!
      De Belgrado, aqui, ainda é um "esticão", mesmo assim e vivendo momentos tão felizes, ainda te lembraste de mim.
      Obrigada, João!
      Imagino, que mesmo sem teres partido, já comeces a sentir saudades...Quem sabe se um dia a união não será definitiva? Tomara!
      Beijinho.

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