segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AS VELAS ARDEM ATÉ AO FIM.


"As velas ardem com chamas longas em cima deles e deitam fumo; a mecha enegreceu-se. A paisagem e a cidade diante da janela ainda estão mergulhadas na escuridão, não se vê nenhuma luz na noite. – Cada um gera também aquilo que acontece consigo. Gera-o, invoca-o não deixa de escapar àquilo que tem de acontecer. O homem é assim. Fá-lo, mesmo que saiba e sinta logo, desde o primeiro momento, que tudo o que faz é fatal. O homem e o seu destino, seguram-se um ao outro, evocam-se e criam-se mutuamente. Não é verdade que o destino entre cego na nossa vida, não. O destino entra pela porta que nós mesmos abrimos, convidando-o a passar. Não há nenhum ser humano que seja bastante forte e inteligente para desviar com palavras ou com acções o destino fatal que advém, segundo leis irrevogáveis, da sua natureza, do seu carácter."




Nota da editora: Um pequeno castelo de caça na Hungria, onde outrora se celebravam elegantes saraus e cujos salões decorados ao estilo francês se enchiam da música de Chopin, mudou radicalmente de aspecto. O esplendor de então já não existe, tudo anuncia o final de uma época. Dois homens, amigos inseparáveis na juventude, sentam-se a jantar depois de quarenta anos sem se verem. Um passou muito tempo no Extremo Oriente, o outro, ao contrário, permaneceu na sua propriedade. Mas ambos viveram à espera deste momento pois entre eles interpõe-se um segredo de uma força singular…


§ - Se o cheirinho que vos deixo deste romance do escritor húngaro, Sándor Márai , mais a nota da editora, tiver sido o suficiente para vos despertar a curiosidade, então leiam-no. Creio que não se irão arrepender! 




sábado, 29 de outubro de 2016

R R R

Imagem encontrada na Net
 - se alguém provar ser o seu autor, darei os devidos créditos ou retirá-la-ei -


Imaginação

 É

 Saber viver com o essencial
Reduzir o consumo ao trivial

É

Reciclar o que for de aproveitar
sobretudo

 É

 Não desperdiçar

É

Reutilizar o que já
se usou e reciclou…

=

A galocha velha metida na caleira
que a água da chuva conduz
 do telhado, ao chão...


...um buraco na biqueira e teremos água
para consumir durante o calor
 seco e árido do longo Verão…

Então?...

Gostaram da ideia?


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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

A TERNURA DOS NOVENTA.


Um homem com 90 anos fez o seu checkup anual e o médico disse-lhe:

- Amigo, para a sua idade, está numa forma que eu nunca vi.


O paciente respondeu:


- Sim. Porque sei levar uma vida cuidada, simples e espiritual.

- Que quer dizer com isso?
- Se não levasse uma vida cuidada e simples, Deus não me acendia a luz de cada vez que me levanto no meio da noite.


O médico estranhou a resposta.

- Está querendo dizer que cada vez que se levanta no meio da noite , o próprio Deus acende-lhe a luz??

- Sim! Cada vez que vou à casa de banho, Deus acende-me a luz!
O médico não adiantou mais nada, mas quando foi a vez da esposa do sujeito ir à consulta para o seu check-up, sentiu a necessidade de lhe transmitir o que o marido lhe havia dito.

- Eu quero que saiba que, o seu marido está em óptima forma, mas estou preocupado com o seu estado mental. Ele disse-me que todas as noites, quando vai à casa de banho, Deus lhe acende a luz.

- Ele disse-lhe o quê???

- Ele disse-me que todas as noites quando se levanta para ir à casa de banho, Deus lhe acende a luz...

- Ahhh!!! (exclamou a velhota). Então é ele que tem mijado dentro do frigorífico...






quinta-feira, 27 de outubro de 2016

PORQUE TE QUERO, NÃO QUERO...

O GRITO  TELA DE EDVARD MUNCH


Não quero que me queiras
                                      Sem me quereres
Cansei de esperar-te
                            Se não vens

           
A ti quis-te
                                    Só porque a ti quero
     Não me quiseste
                                            cedi ao desespero.


           Não vieste e agora se vieres
                   já é tarde. 
Sou eu que te não quero.
                                 Cansei de esperar-te
          já te não espero.


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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ADIVINHAR OU SABER...

Reedição:

Afinal, este enigma terminou mais depressa do que eu supus. :)
Tratou-se de um grande e badalado acontecimento, que ocorreu em Portugal nos finais dos anos sessenta. A revista NM - que já tive oportunidade de referir no post sobre a Aldeia Mais Bonita do Alentejo, Santa Susana, destacou no Domingo, dia 23, e eu, aproveitei para vos mostrar (agora) todo o glamour e pompa, desta festa digna de uma noite de Óscares...:)
Se desejarem saber todos os  pormenores podem aceder ao link da dita revista ou ver AQUI, curiosamente há uma coincidência digna de ser vista e apreciada!!

Deixo mais dois registos que fotografei da dita revista., mas que podem ver nos links atrás citados.


Acertaram, na totalidade das perguntas, a Papoila, logo secundada pelo Rui Espírito Santo! :) (que me enviou a resposta por mail)

A todos os amigos/as que tiveram a gentileza de participar e comentar, os meus sinceros agradecimentos! :)

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...tanto faz!!!




Gostaria que me respondessem a três perguntas, muito simples:

1ª-  Quem é a senhora que se vê em primeiro plano, a olhar para o fotógrafo?

2ª- Em que País e ano ( ou década, também serve) foi tirada?

3ª- Qual foi o evento, internacionalmente conhecido, e quem o organizou?

Nota: Este post é dedicado a um fervoroso admirador da celebridade em questão!! :)

Antecipadamente, agradeço a todos quantos queiram colaborar neste passatempo. Muito Obrigada!





domingo, 23 de outubro de 2016

CHUVA DE OUTONO.

Tela de Paul Cezanne - Outono -



Outono instável, ora ameno ora encrespado
Qual mar inquieto, insatisfeito, bravio

Sem chamar por mim
Sem saber se a quero
A chuva caiu encharcou o jardim
Primeiro suave logo copiosa.
Fico desolada preciso aconchego
Onde? me pergunto e fico furiosa.
Procuro-o nos frutos e no seu odor
A doce romã faz-me companhia
Suave, muito suavemente
Deixo-me envolver no seu sabor

Um tranquilo sossego um instante ameno
e tudo me parece mais belo, calmo, suave e,
de novo, sereno!...






sexta-feira, 21 de outubro de 2016

DO ISOLAMENTO

Tela de Alexander Sulimov


         No reflexo das tardes calmas
   em que o vento sopra
   nostálgicas melodias
   sem mágoa
   tento esquecer o
     nós
   que já vivemos.

                 Entre a folhagem
                 dourada
                 e frutos maduros
                 numa ânsia isolada
                                   de saudade

                                   ambos
                                   tu e eu
                                   tristes separados
                                      sós.





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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

JÁ Fui (duplamente) Feliz Aqui. [ XXII ]






3º Encontro de Bloggers.

( Do meu Blogobairro )

- Cidade do Porto -


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Santa Susana - A Menina Bonita do Alentejo -


“A poucos quilómetros
 de Alcácer do Sal,
a aldeia de Santa Susana,
 tem menos de cem habitantes
e praticamente nenhum comércio.
 As casas de piso térreo caiadas
 de branco dão-lhe um ar pitoresco,
mas entre os que cá vivem
e os que vêm de passagem,
 há cada vez menos gente
a percorrer estas dez ruas.
 Como se vive num lugar sem jovens,
onde os dias passam cada vez mais devagar?”



Foi com este texto e a fabulosa fotografia da senhora sorridente a espreitar à janela, ( que eu fotografei da revista ) que o jornalista António Pedro Santos iniciou uma fantástica reportagem sobre esta pequena aldeia alentejana, publicada na NM, há umas semanas atrás. Fiquei encantada com a beleza branca e azul das suas ruas e o arrastar lento das horas, sem pressa nem ansiedade.


"Além da taberna que só abre ao fim da tarde, a aldeia tem apenas dois estabelecimentos comerciais: uma pequena oficina de automóveis e o restaurante com uma residencial. Em termos gastronómicos destacam-se as migas à alentejana com coelho frito e o arroz de cabidela."


"A estrada nacional que atravessa a localidade é de uma agitação constante, nos meses de Verão, por turistas que passam a caminho da praia da Comporta ou do Carvalhal.

Há apenas seis crianças em Santa Susana. Dizem que ali é que se sentem bem, nas cidades é muita confusão." 



 A reportagem conta com depoimentos encantadores de habitantes que adoram a sua aldeia. Ali nasceram, cresceram e envelheceram. É ali que desejam permanecer até ao fim dos seus dias. Durante os longos meses em que a rua principal se aquieta do ruído de carros que se dirigem às praias já citadas.
O que resta?...o que resta é conversa!! Nenhum habitante se queixou de solidão. Foi esse convívio, essa conversa entre pessoas que, imaginamos, pouco terão para conversar, que me seduziu nesta pequena e linda aldeia. Provavelmente na taberna, que só abre ao fim da tarde, entre um copo de três e um petisco, contam-se anedotas sobre alentejanos!!...


Adenda: Este é um vídeo que nos mostra toda a beleza
 de Santa Susana.
Gentileza da Amiga Papoila.


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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

QUEM ÉS TU Ó GATO?...

Apareceu aqui pelo quintal, meio-morto de fome e sede, no início dos dias quentes. O pêlo sujo mais parecia de um cinza escuro.
Foi ficando por cá. Água fresca e alimento não lhe faltaram. Quem não gostou nada de partilhar o seu espaço com o intruso foi o Santiago. Arisco, já numa ocasião me arranhou a mão, o ingrato.
Ainda não convivem bem, mas lá vão coabitando...cada um no seu canto! Hoje dou-vos a conhecer...o Gato. Ainda não lhe escolhi nome. Quando o chamo digo. Anda...e ele vai ou vem. Agora, tem o pêlo negro e brilhante, a cauda volumosa. Está lindo, sim, mas não é meu. Um dia, quando quiser, pode ir para onde lhe apetecer. É livre.
Aqui, está deitado numa cadeira no escritório da empresa onde trabalho. Não vai comigo. Já sabe o caminho e aparece quando quer. Do quintal de casa, lá, vão uns 100 metros de distância.
É bom viver e trabalhar na província...:) 


Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhor de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fofo no pêlo, frio no olhar!

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?

( Poema de Alexandre O'Neill )

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quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Do Canto do Passarinho E Da Menina Do Chapéu.


Pintura de  Ira Tsantekidou

Havia uma menina
que adorava usar chapéus.
Sentia-se protegida dos elementos agrestes
Mas dia uma notícia deixou-a triste, coitada.
Uma ausência programada que em breve, brevemente
a ia deixar ausente de quem tanto, tanto amava.

Numa manhã bem cedinho
na sua janela pousou um passarinho
também triste, coitadinho,
dava pena o seu cantar.
Era azul de lindas penas,
bico amarelo clarinho, belo era o seu trinar.

Também ele tinha longe
um ente que muito amava.
Juntos em doce harmonia descobriram
 que a saudade faz o desejo crescer
e quando o desejo cresce
preparam-se abraços e laços
que unem sem desenlaces.

Afastam-se angústias e medos
 em belos trinados, canções.
Mansos ficam os temores
 e alegres os corações…

:)


Nota: Recebi a pintura do Passarinho, - dizia-me ele/a que "era a nossa cara" - improvisei as palavras sem talento ( reconheço) mas com carinho!!





segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Sem Preceito Nem Preconceito.






    Certa vez fui vítima de assalto. Um velho amigo sugeriu-me que consultasse os serviços de uma famosa curandeira no bairro da Polana Caniço.
Num instante ela faria surgir o rosto do ladrão na superfície de uma tina de água. Não é que fizesse fé nesse mágico scanner sem imagem original. Estava criado o pretexto para dar o gosto à alma e visitar um universo onde perdemos certezas.
    No momento seguinte encontrava-me tirando os sapatos à porta da Dona Mariana, em solicitação de poderes. Acreditava no que estava vivendo? Com o tempo, aprendi que por vezes a resposta é errada simplesmente porque a pergunta é incorrecta. Não se tratava de saber se era ou não verdade. Certas coisas são verdade numa dada relação, num dado momento.
    Nenhum rosto compareceu à tona de água. Mas a curandeira falou de mim, da minha vida passada e presente. Sem incursão no futuro. Nem tudo terá sido verdade. O que foi verdade é que conversámos, ela falando sem preceito, eu escutando sem preconceito.
    Dona Mariana deu-me uns pós para espalhar em água de banho. Tomasse banhos enquanto chorava, em audível lamento: «Ai, o meu televisor! Ai, o meu leitor de vídeo!»  Nunca chorei. Talvez por isso  –  insuficiência de fé  –  nunca tenha recuperado os bens roubados. Regressando mais tarde a casa de Dona Mariana continuei trocando fios de prosa que me compensaram a perda dos aparelhos.


[A partir de uma narrativa de Mia Couto: O Feitiço Dentro de Nós” ]





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domingo, 9 de outubro de 2016

Uma Data Especial...


Festejada num local especial


Com pessoas muito especiais



Poderia estar a cantar, mas não, não estou.



Depois de tantas e tão variadas sobremesas, o bolo de aniversário nem foi devidamente apreciado.
 Mas estava delicioso.


Parabéns filha, que sejas sempre muito feliz.


A aniversariante é a que acharem que mais se parece comigo!

:))


sábado, 8 de outubro de 2016

Não Sabe Dançar Kuduro?...


...Nesse caso, aprenda com os melhores...!

                


                    


  A TODOS DESEJO
 FELIZ FIM DE SEMANA 






            

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Com Sabor e Aroma de Goiaba.



(…)

 " -- O amarelo é para ti uma cor de sorte?
  -- O amarelo sim, mas não o ouro, nem a cor do ouro. Para mim o ouro identifica-se com a merda. No meu caso, é uma repulsa à merda, segundo me disse um psicanalista. Desde criança.
  -- Em “Cem Anos de Solidão”, uma personagem compara o ouro com a caca de cão.
  -- Sim, quando José Arcadio Buendía descobre a fórmula para transmutar os metais em ouro e mostra ao filho o resultado da sua experiência, este diz: «Parece merda de cão».
  -- De maneira que nunca usas ouro.
  -- Nunca. Nem pulseira, nem cordão, nem relógio, nem anel de ouro. Também não verás em minha casa nenhum objecto que tenha ouro.
-- Tu e eu aprendemos na Venezuela uma coisa que nos serviu de muito na vida: a relação que existe entre o mau-gosto e a má-sorte. A «pava», como chamam os venezuelanos a este efeito maléfico que podem ter certos objectos, atitudes ou pessoas de gosto rebuscado.
  -- É uma extraordinária defesa que o bom sentido popular levantou na Venezuela contra a explosão de mau-gosto dos novos ricos.
  -- Fizeste, creio, uma lista completa de objectos e coisas que têm «pava». Lembras-te agora de algumas?
  -- Bem, há as óbvias, as elementares. Os caracóis atrás da porta…
  -- Os aquários dentro das casas…
  -- As flores de plástico, os perus reais, as mantilhas de Manila…a lista é muito grande."

    (…)



Nota: Este é um pequeno excerto de uma longa conversa entre o escritor e jornalista Plinio Apuleyo Mendoza e o seu velho amigo Gabo. Daí, nasceu este livro cheio de surpresas e encantos, escrito a quatro mãos, por assim dizer, onde Gabriel García Marquez, através de uma conversa informal, desfia com vivacidade as suas lembranças, opiniões e convicções. "O Aroma da Goiaba", está comigo há bastante tempo mas, hoje, sem contar, saltou de novo para as minhas mãos e, claro, trago-o, aqui, para compartilhar convosco um pouco da sua riqueza e, quem sabe, aguçar-lhes o apetite. Para quem ainda o não leu, não deve ser  difícil encontrá-lo, por aí, numa livraria perto de si! :)





Em Barcelona, com o escritor  Mário Vargas Llosa, Julio Cortázar e Carlos Barral, em 1970





Mesmo para aqueles que não apreciam doce de goiaba, recomendo vivamente a leitura deste livro recheado de interessantes fotos em momentos vividos pelo escritor colombiano, agraciado com o Prémio Nobel da Literatura em 1982.


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