quinta-feira, 1 de maio de 2025

MAIO, MAGAIO E MÊS DE MAIO!

 




COISAS  DE  MAIO.


Era um límpido azul, vero azul-gaio,
a envolver, na retina, o mês de Maio.
Nunca chovia então, ou, se chovia,
tamborilava o nome de Maria.

Quedávamo-nos no adro, enquanto o incenso
vinha até nós, fluido acenar de lenço.
Depois da coroação, mil e uma prendas
leiloadas em festa. Ai, não te emendas,
coração infantil na era vetusta,
e recrias o mundo à tua custa.

Irás ter, hoje à noite, a alguma igreja,
ou queres só montar a lunareja
mula da recordação, e pelos pastos
do tempo recompor teus pobres fastos?

Este maio de agora é bem distinto,
e todo de política vem tinto.
As preces vão flechando o ar estrelado?
São rogos de aspirante a deputado.

Os homens se anunciam que nem pílulas,
prometendo hospitais, escolas, vílulas.
Oh, por amor, vote em Fulano, cuja
publicidade os nossos muros suja,
mas vote porque nunca seja eleito,
e multas o persigam, que é bem feito.

Eleição custa caro — este outro chora,
mas a Câmara tem gosto de amora,
e é tão bom fazer leis ou não fazê-las,
passeando na terra entre as “estrelas”...

(...)

Pesar de tudo, amo-te, Maio e mano:
reverdeces em mim um ser  lontano...

Poema de Carlos Drummond de Andrade

Escrito em: 25/05/1958
(Tão actual e a propósito, que não lhe resisti)

 🌼  🌼

Igualmente a propósito, por estarmos com eleições à porta,
me pareceu este discurso de Mário Viegas. 



Tanto a foto de cabeçalho quanto as seguintes foram feitas
por mim em 2019. Há muito tempo que não vejo giestas.



FELIZ  MÊS  DE   MAIO.




terça-feira, 29 de abril de 2025

VANTAGENS QUE O APAGÃO ME TROUXE... 😊

 ...ORA OUÇAM, SE FIZEREM O FAVOR.





Para se tratar de plágio do livro de Érico Veríssimo teria de ser romance e apelar para que olhassem... :-)


Vaidade da minha parte? Claro que sim! Não é só o autor do "Conversas Avinagradas", que tem direito a esse 'piqueno' defeito!! Já agora, aqui fica o poema que li e mais outro...





E já que estamos em maré de salgalhada, saibam quais as minha fotos que a Google Fotos considerou as melhores daquele ano...qual seria o ano? 😅

 



Saúde e muita Luz, é o que desejo a Todos que fazem o favor de me acompanhar.

Beijinhos e abraços!


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domingo, 27 de abril de 2025

AH!...QUE SAUDADES DO SIM.

 

Não é o cravo e a rosa. É a camélia e o jarro! 😍


Dia Não

De paisagens mentirosas
De luar e alvoradas
De perfumes e de rosas
De vertigens disfarçadas

Que o poema se desnude
De tais roupas emprestadas
Seja seco, seja rude
Como pedras calcinadas

Que não fale em coração
Nem de coisas delicadas
Que diga não quando não
Que não finja mascaradas

De vergonha se recolha
Se as faces tiver molhadas
Para seus gritos escolha
As orelhas mais tapadas

E quando falar de mim
Em palavras amargadas
Que o poema seja assim
Portas e ruas fechadas

Ah! Que saudades do sim
Nestas quadras desoladas!


José Saramago ('in' "Os Poemas Possíveis"




Nota: Já bastas vezes aqui o disse, talvez por culpa minha em não ter insistido, não gosto de Saramago enquanto escritor/dramaturgo, mas adoro a sua poesia. A prova do que digo está AQUI. 


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sábado, 26 de abril de 2025

ATÉ À ETERNIDADE!

 

ADEUS,  PAPA FRANCISCO!




Humildade 

Simplicidade

Sabedoria

 e, por fim,

Silêncio.


O DERRADEIRO ADEUS.
 (FÍSICO)

 

O silêncio só raramente é vazio
diz alguma coisa
diz o que não é

José Tolentino Mendonça.



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sexta-feira, 25 de abril de 2025

LIBERDADE.

 





Flor da Liberdade

Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... Também nós... E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes,
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra,
Ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
A Deus, à tirania, à eternidade.

Sepultos, insepultos,
Vivos amortalhados,
Passados e presentes cidadãos:
Temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
No jardim da perpétua primavera.


Poema de Miguel Torga




Adenda:  Simbolicamente é a camélia que representa, a nível universal, a Flor da Liberdade. Em Portugal, após a Revolução de 25 de Abril de 1974, passou a ser o cravo vermelho.
Eis a explicação, que todos conhecemos, mas me apeteceu recordar:

Um soldado pediu-lhe um cigarro, mas Celeste Caeiro só tinha flores e decidiu então iniciar a distribuição dos cravos aos soldados, que logo os colocaram nos canos das suas armas. Mais tarde as floristas da Baixa continuaram a replicar o gesto. Por esta razão este dia também ficou conhecido como "Revolução dos Cravos".

VIVA  A  LIBERDADE
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quarta-feira, 23 de abril de 2025

HAJA PACIÊNCIA.

 



😇😇😇😇





😧😧😧😧


segunda-feira, 21 de abril de 2025

MISSÃO ( BEM ) CUMPRIDA.

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19 de Março de 2013.
Missa inaugural do Pontificado de Francisco.
"Cuidado com os que têm fome e sede"

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20 de Abril de 2025.
Despedida.
"Obrigado a todos."

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Na sua imensa humildade bondosa, o Papa da Juventude e sorriso sempre aberto, partiu hoje, um dia após as Festividades da Ressurreição de Cristo.
Garantiu, assim, que o burburinho e a tristeza, que tal facto causaria no mundo, não perturbaria a alegria desse milagre supremo. Vá em Paz,  Jorge Mario Bergoglio, a sua Missão enquanto Papa Francisco, foi cumprida.

Todos nós, é que temos que dizer-lhe:

MUITO  OBRIGADA.

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domingo, 20 de abril de 2025

DOMINGO DE PÁSCOA.

 
Foto minha captada no interior da Igreja de São Salvador - Serpa -
durante a celebração da Missa Dominical.


Minha aldeia na Páscoa…
Infância, mês de Abril!
Manhã primaveril.
A velha igreja.
Entre as árvores alveja,
Alegre e rumorosa
De povo, luzes, flores…

E, na penumbra dos altares cor-de-rosa .
Rasgados pelo sol os negros véus.
Parece até sorrir a Virgem-Mãe das Dores.
Ressurreição de Deus! 

Imagem do filme "A Paixão de Cristo" que retrata a Morte e
Ressurreição de Jesus de Nazaré.


Em pleno azul, erguida
Entre a verde folhagem das uveiras.
Rebrilha a cruz de prata florescida…
Na igreja antiga a rir seu branco riso de cal.
Ébrias de cor, tremulam as bandeiras…

Vede! Jesus lá vai, ao sol de Portugal!
Ei-lo que entra contente nos casais;
E, com amor, visita as rústicas choupanas.
É Ele, esse que trouxe aos míseros mortais
As grandes alegrias sobre-humanas.

Lá vai, lá vai, por íngremes caminhos!
Linda manhã, canções de passarinhos!
A campainha toca: Aleluia! Aleluia! 
Velhos trabalhadores, por quem sofreu Jesus.
E mães, acalentando os filhos no regaço.

Esperam o Compasso…
E, ajoelhando com séria devoção.
Beijam os pés da Cruz.


[Páscoa na Aldeia, de Teixeira de Pascoaes]


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